"Implicações educacionais da teoria da complexidade"
“Os
sete saberes necessários à educação do futuro” é um dos livros escritos pelo
filósofo, sociólogo e antropólogo francês Edgar Morin, considerado hoje um grande
pensador e teórico da complexidade.
Preocupado com os saberes desunidos e com a
necessidade vital e intelectual do homem em conhecer o mundo e sua diversidade
cultural, o autor propõe a reforma do pensamento. Morin acredita que todo
conhecimento deve situar-se em seu contexto e em sua complexidade: “o que foi
tecido junto”¹. Corroborando com essa ideia, destaca também o princípio
cognitivo de Pascal:
(...)
considero ser impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tampouco
conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes. ²
Atualmente
tem-se o oposto, pois a educação de todo o mundo encontra-se bastante fragmentada. No Brasil, por exemplo, desde a educação infantil, existe um currículo sobrecarregado, que não é capaz
de trabalhar com a interdisciplinaridade ou olhar para a condição humana. Os alunos
são educados diante de um paradigma mecanicista e são treinados para que tenham
aprovação nos principais vestibulares. O próprio sistema impede a formação de cidadãos
melhores, conscientes e dotados de senso crítico ou estético.
Piaget afirma que:
(...) trata-se do contrário
de multiplicar os ensinamentos, de tal forma, porém que cada especialidade
venha a ser, ela própria, abordada dentro de um espírito permanentemente
interdisciplinar, ou seja, sabendo cada qual generalizar as estruturas que
emprega e redistribuí-las nos sistemas de conjunto que englobam as outras disciplinas.
³
O educador tem um papel fundamental nesse aspecto, pois é a chave para que o aluno faça as devidas conexões entre diferentes conteúdos.
O
ser humano é muito complexo. Ao mesmo tempo em que se vê como um indivíduo que
possui problemas físicos e psicológicos é também parte de uma sociedade repleta
de problemas sociais e culturais e ainda pertence à espécie humana. Segundo
Morin, é preciso mostrar que todos partilham um destino comum, e que estão
vivendo diante de uma crise planetária.
Na
década de 1960 existiu um projeto pedagógico no Brasil, onde três escolas
públicas no estado de São Paulo funcionavam como um espaço experimental,
trabalhando de uma forma muito abrangente a interdisciplinaridade: As escolas
vocacionais. Os alunos eram livres para escolher os conteúdos que iriam ser
estudados - isso acontecia em uma aula chamada “Aula plataforma” e ao final de
cada bimestre se reunia para fazer a “Aula síntese”.
O
Vocacional foi subversivo à ditadura, pois estimulou seus alunos a pensarem, e
infelizmente por esse motivo chegou ao fim. Difícil é acreditar que um projeto
como esse um dia funcionou no Brasil.
_________________________
¹ MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro, pg.36.
² PASCAL, 1976, apud MORIN, 2011, pg.35.
³ PIAGET, Jean. Para onde vai a educação?, pg.25.
Bibliografia
1.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo:
Cortez, 2011.
2.
Pascal, Pensées, texte établi par Léon Brunschwicg. Paris: Garnier-Flammarion,
1976.
3. PIAGET,
Jean. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1974.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Vídeos
1.Animação inspirada na obra de Morin
Nenhum comentário:
Postar um comentário